sexta-feira, 2 de maio de 2008

Cazuza




Ontem fui ao Tributo à Cazuza.
Na verdade, não sei se foi bom ou ruim. Mas foi.
Tive vários motivos por estar em Copacabana aquela noite.
Um deles e creio que o mais forte, foi pela história dos moradores quererem proibir o show.Idéia medíocre essa.
Aonde está a tal da Democracia que todos dizem que há?
A praia é um dos lugares mais democráticos que há. E mais linda que a praça, com certeza. E estes senhores, que por pagarem altos aluguéis e condomínios, acreditam que esta incluido como jardim, a nossa praia. Nos desculpe senhores, ela é pública.
Todos tem direito de estarem lá, quando quiserem.
Entendo o problema do lixo, e concordo que as pessoas deveriam aprender amar o que possuem. Mas isto é um problema de educação e cultura. Enquanto isto também não for popular, não podemos cobrar. E de mais a mais, peço aos senhores politizados da zona sul, que cuidem mais da praia também. Por que não exigem dos governos municipal, estadual e federal o tratamento do esgoto que vocês produzem, ao invés de fingirem que não sabem que o esgoto é jogado direto nas águas de Copacabana, em Ipanema, Leblon, enfim em toda a costa?
O outro motivo, foi ver as pessoas e saber o que elas tinham em comum com Cazuza. Descobrir o que Cazuza gerou nessas mentes, quando ele esporrava, em extasê, suas canções, suas idéias, seus medos, seu amor a vida e a liberdade.
Isto me tocou muito. Havia todo tipo de gente. Vários mendigos, bebados, cantando as canções, com a boca aberta, desdentados e em plena alegria. Foi a melhor imagem.
Quando a Sandra de Sá cantou Blues da Piedade, foi como um hino. Os miseráveis cantando em coro, incomodando seus vizinhos, os moradores da orla da Princesinha do Mar. Digo vizinho, porque a praia é de todos. Imaginei Cazuza rindo. Os adultos, rejuvenescidos ao ouvirem suas canções, numa forma de agradecimento por tudo o que ele fez por nós. Mesmo que muito de nós, ainda são hipócritas e conservadores. E os adolescentes, que ainda não descobriram o poeta, que imitam apenas os seus vícios, que ele tinha apenas para aliviar a dor e prolongar o prazer. Mas a irreverência sempre deve ser aplaudida. Fico feliz por saber que esta nova geração convive um pouco melhor com a individualidade dos outros.
Com certeza e somente Cazuza, para unir numa noite nublada, tantas pessoas que por algumas horas conviveram com tantas formas de existência diferentes.E se sentiram livres para serem elas mesmas.
Que viva sempre a liberdade, o respeito, a poesia e o amor entre os homens. Que viva sempre Cazuza.
Obrigado por tudo o que nos deu, poeta.

2 comentários:

:: Daniel :: disse...

Eu queria assittr. Seu relato me faz arrepender ainda mais de não ter ido...


Belas palavras!

Víscera disse...

Obrigado pelo comentario meu grande co-terrâneo. Me fez refletir e transvalorar. Ajoelhado aos pés de cazuza, tenho somente uma pergunta.

bjs