sexta-feira, 27 de junho de 2008

À vocês

Posso dizer que não há fim
Mas eu sei que terminarei vencedor desta tragédia greco-romana.
São tantos monstros, tantas batalhas tantos semideuses e deuses...
Mas sei que há algo mais forte em mim que não me deixa morrer.
Entendo o que vem a ser a força da vida.
Sinto toda sua força agindo dentro de meu corpo. Ela não se apaga.
Sinto minha alma depurando. Estou me transformando em mim mesmo.
Em meu principio e isto mesmo sendo doloroso é satisfatório.
Estou me descobrindo e percebendo que não tenho mais os mesmos limites de antes.
Estou ficando infinitamente maior que ontem.
Temo em perder coisas que são raras. Mas hoje não posso temer mais,
Porque o medo é meu inimigo e se ficar estático as perderei do emsmo modo.
Tenho que reconquistar o que antes se pronunciava meu.
E tenham certeza que conquistarei.
Estou deixando de ser um ateniense e me tornando um espartano.
Vou vencer e voltar a ser rei.
Desculpem mas vocês não vão vencer.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Tempestade


Ontem...
Ontem teve tempestade.
Uma tormenta que começou do nada, como todas as catástrofes acontecem.
Mais para quem ouve e vê os sinais, para quem estuda a natureza cuidadosamente, há tempos que ela esta se manifestando.
As vezes ocupado com meus afazeres no campo, sentia um vento frio, que cortava meu peito, mesmo quando os dias eram quentes e o sol cegava meus olhos e queimava minha pele. Mas eu não me atentei as noticias que o vento me trazia.
As vezes, antes do ontem, não percebi que faziam semanas que não havia luar... Que a lua cheia não mais reflectia no lago.Esqueci de ouvir que o pomar não mais tinha o barulho dos bem-te-vis e de outros pássaros que habitavam antes o meu ouvido.
Até a grama em volta da casa estava ficando seca, e há tempos não cuidava nem plantava nada no jardim. E os cupinzeiros aumentavam pelo campo...
Mesmo com todos esses avisos, eu não notei que algo se avolumava e que estava prestes a transbordar.
Mais eu via! Via minha casa que antes de ontem era um palácio e que aos poucos antes mesmo da tempestade tornara-se um casebre abandonado.
Eu quase perdi tudo na tempestade.
De repente em questão de horas, tudo era apenas vento que ecoava dos montes, dos vales, dos abismos, do mar, sons de desespero e água, que levava tudo. Que arrastava tudo aquilo que tanto tempo tinha nascido ali. Tudo estava tão frágil, tão despreparado para aquela tempestade.
O lago transbordou e a correnteza levou muitas coisas.
O vento quebrou minhas janelas, os cacos voavam casa adentro. Me feriram. O vento arrastou tudo. Tirou tudo do lugar. Levou tudo o que tinha até então proteção de quatro paredes.
O teto foi arrancado. As telhas destruíram parte da colheita, encheram a estrada de entulho. Choveu muito.
Todo o chão, toda a casa ficou inundada. Vi cartas minhas, vi objetos que guardava com tanto carinho boiando pelos comodos. Tudo estava de repente encharcado e frio.
O céu ficou tão chumbo. Eu fiquei tão chumbo. Não havia um candeeiro para iluminar ou aquecer naquele momento. Tudo estava escuro e frio.
A água escorria pela parede e arrastava os quadros, quebrava as molduras, manchava as fotografias.
Como é desesperador ver que tudo esta sendo perdido. Que toda a sua história esta sendo levada violentamente pela água e pelo vento.
O mais triste para um homem é ser abandonado pela história que ele escreveu. Pela vida que ele sonhou em construir somente para ele.
No céu que tem tantas estrelas, que tem a brisa que mexe as cortinas, que manda água nos vidros fazendo aquarelas pelas veneziana...
Mas hoje a tempestade acabou. estou limpando e arrumando novamente meu casebre. Ele vai virar um palácio novamente e estarei mais atento aos sinais, para não sofrer mais tantas reverias do tempo.Vou tentar viver com a natureza e cuidar para que não amis destrua minha casa.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Vozes

Ontem ouvi a tua voz
E quando a ouço
Ouço com o coração.

Ontem sua voz estava triste
Uma voz dolorida, cansada, amargurada
Chorei.

Sei que o tempo fez isto consigo.
Um tempo que não cuida bem de quem o ama.
De quem não se esquece um minuto sequer de mim.
De quem concedeu todas as honras e gestos de carinho e atenção.

Sei de tudo isso, e por isso choro.
Mas infelizmente hoje não posso
Retribuir tal afago tão raro nos dias de hoje
Por que?
Por estar afogado em números,
Em casos e acasos que de certa forma me paralisa.

Juro que vou resolve-los o mais rápido possível,
Para poder curar sua voz.
Para ve-la brilhante novamente
Pois temo não ouvi-la mais.
E se isto ocorrer a minha voz,
se calará para sempre.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Cazuza




Ontem fui ao Tributo à Cazuza.
Na verdade, não sei se foi bom ou ruim. Mas foi.
Tive vários motivos por estar em Copacabana aquela noite.
Um deles e creio que o mais forte, foi pela história dos moradores quererem proibir o show.Idéia medíocre essa.
Aonde está a tal da Democracia que todos dizem que há?
A praia é um dos lugares mais democráticos que há. E mais linda que a praça, com certeza. E estes senhores, que por pagarem altos aluguéis e condomínios, acreditam que esta incluido como jardim, a nossa praia. Nos desculpe senhores, ela é pública.
Todos tem direito de estarem lá, quando quiserem.
Entendo o problema do lixo, e concordo que as pessoas deveriam aprender amar o que possuem. Mas isto é um problema de educação e cultura. Enquanto isto também não for popular, não podemos cobrar. E de mais a mais, peço aos senhores politizados da zona sul, que cuidem mais da praia também. Por que não exigem dos governos municipal, estadual e federal o tratamento do esgoto que vocês produzem, ao invés de fingirem que não sabem que o esgoto é jogado direto nas águas de Copacabana, em Ipanema, Leblon, enfim em toda a costa?
O outro motivo, foi ver as pessoas e saber o que elas tinham em comum com Cazuza. Descobrir o que Cazuza gerou nessas mentes, quando ele esporrava, em extasê, suas canções, suas idéias, seus medos, seu amor a vida e a liberdade.
Isto me tocou muito. Havia todo tipo de gente. Vários mendigos, bebados, cantando as canções, com a boca aberta, desdentados e em plena alegria. Foi a melhor imagem.
Quando a Sandra de Sá cantou Blues da Piedade, foi como um hino. Os miseráveis cantando em coro, incomodando seus vizinhos, os moradores da orla da Princesinha do Mar. Digo vizinho, porque a praia é de todos. Imaginei Cazuza rindo. Os adultos, rejuvenescidos ao ouvirem suas canções, numa forma de agradecimento por tudo o que ele fez por nós. Mesmo que muito de nós, ainda são hipócritas e conservadores. E os adolescentes, que ainda não descobriram o poeta, que imitam apenas os seus vícios, que ele tinha apenas para aliviar a dor e prolongar o prazer. Mas a irreverência sempre deve ser aplaudida. Fico feliz por saber que esta nova geração convive um pouco melhor com a individualidade dos outros.
Com certeza e somente Cazuza, para unir numa noite nublada, tantas pessoas que por algumas horas conviveram com tantas formas de existência diferentes.E se sentiram livres para serem elas mesmas.
Que viva sempre a liberdade, o respeito, a poesia e o amor entre os homens. Que viva sempre Cazuza.
Obrigado por tudo o que nos deu, poeta.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Ano Novo



O céu negro e mudo
O mar calmo e cheio de pedidos
A praia apenas com duas almas habitando.
Tudo fora tão íntimo, tão leve e intenso.

As estrelas eram os nossos fogos de artifício.
Levei um vinho para saudar a vida
A areia nosso berço.
O ano novo chegou enfim.

Mas isso era apenas um ato simbólico, uma data
O Ano Novo na verdade havia chegado um pouco antes
Porque acreditem, ate então não havia nada de novo realmente nos outros anos.

E a cada dia, mesmo sem a praia, o céu estrelado e o vinho
Continua sendo o nosso dia primeiro.

Continuo abraçado a você
Não importa se nossos corpos não estão juntos todo o tempo, digo fisicamente
Porém minha alma esta sempre abraçada a sua.
Esta sempre deitada na areia te acariciando, te confessando que ama a ti.
Que os outros anos ela só te encontrava em sonhos
Mas agora e para sempre
Sendo as almas eternas
Sempre estarão juntas
Fazendo de nós seus escravos.

Feliz Ano Novo.
E não preciso de mais nada.
Me basta você.


Abraçados e egoístas
Falamos apenas de nós
Trocamos sentimentos como se fossem flores