segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O Que Eu Sinto Por Ti

Está é a letra de uma canção composta por Freddie Mercury
Chama-se You take my breath away.


Oooh oooh take it take it all away
Oooh ooh take my breath away
Oooh ooh yoooo take my breath away

Look into my eyes and you'll see I'm the only one
You've captured my love stolen my heart
Changed my life
Every time you make a move you destroy my mind
Anyway you touch
I lose control and shiver deep inside
You take my breath away

You can reduce many tears with a single sigh
Please don´t cry Every breath that you take
Any sound that you make is a whisper in my ear
I could give up all my life for just one kiss
I would surely die if you dismiss me from your love
You take my breath away

So please don't go
Don't leave me here all by myself
I get ever so lonely from time to time
I will find you anywhere you go
I'll be right behind you
Right until the ends of the earth
I'll get no sleep until I find you
To tell you that you just take my breath away

I will find you anywhere you go
Right until the ends of the earth
I'll get no sleep until I find you
To tell you when I've found you
I love you

Take my breath take my breath ... away

You Take My Breath Away



Escolhi uma canção para nós...
E a cada nota do piano,
canto seu nome, sua presença
Porém quando te sinto ausente, distante
Minha voz treme

Leio suas confissões e as tomo como minhas
Sinto o que elas causam em seu peito.
E este sentir reverbera em meu peito,
Não consigo te encontrar...
Para você acalmar meu coração.

Você faz parte de mim,
Escolhi uma canção para nós...
Mas não te encontro para cantá-la
E você é tão importante para mim
Temo... e me calo

E tão bonita uma melodia triste,
Mas não a quero para nós.


Por favor, lembre-se que o amor é uma criança
Que quando sente falta de algo
Chora e temos que adivinhar do que.
E isto é difícil para mim...
Porque sofro em vê-la chorar

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Quero com minha alma

E é tanta dor...
Respirar não basta
Coração batendo não é sinal
Portas trancadas, portões, trincheiras
O futuro é simplesmente adiar

Eu agora tenho companhia
Posso sofrer
Não fingir, sentir a dor da vida
Viver a poesia

E por mais que me doa
Vou viver
Me destruir
Me matar a cada segundo
Para novamente nascer

E daquele coração azul
Nasceu uma flor
Cintila, cheira doce
E eu é quem cultivo
Sou poeta sim,
sou humano sim
Me desculpem os homens que estão adormecidos
Mas eu renasci e quero...

Quero com minha alma
Quero nu
Quero chorar
E me matar
Para amar, nascer sempre.

Antes de conhecer seu mar

Olho em seus olhos
Meu coração ainda é um menino
Porém alegre corre pela areia sorrindo
E o seu, encontrei ferido
Sentado na praia chorando
Os deuses o embalam em seus colos

Quando sorri
Quando te beijo
Os deuses sopram minha alma
Cobre de pétalas meu coração
Talvez para você querê-lo pra si

Ah menino com olhos de céu
Deixe o vento entrar
Varrer os pesadêlos
Deixe as flores vestirem sua alma
Deixe o mar curar suas magoas.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Pode Cre



E chovia...
Mas não chovia na salas de exibição.
Contrariado por não ver o que queria
Coisa de gente velha.

Fico feliz por todas as adversidades, os contratempos
Pelo menos hoje sim.

Afinal assistir malhação no cinema é terrível.
Mas acreditem, todos nós, velhos já fomos personagens de malhação.
E foi ótimo assumir isto.

Fico feliz por todas as adversidades, contratempos

Como era bom o tempo do colégio.
Como era bom ser adolescente
Como eram boas as músicas

E como é bom saber disso hoje, porque antes não sabíamos
Definitivamente a melhor época é a que vivemos de verdade.
Obrigado por me remeter a minha adolescência.
E as vezes uma bobagem é tão mais válida que uma citação de um filósofo.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

MENINO SOL



Da minha janela
vejo o amanhecer
trazido pelo menino sol

Doce rei da rua
Invade minha cidade
Vem brincando com
os objetos que os homens inventam,
recriando a natureza
que não nascem na modernidade

Invade as ruas
Enchendo-as de luz
Vem dançando
Jogando capoeira com o vento
No meio da praça
Cria-se rodas,
Blocos e passeatas

Batuca nas mesas de bares
Canta enquanto passeia
Diz o que sente
Não desconfia do seu coração

Carrega multidões
Embriaga os olhos de quem o vê
É carnaval, é festa de peão
Alegria popular


Apenas o vejo de minha janela...

Me disseram que o menino sol
tem em si as peculiaridades do povo que mora nas serras
Que quando é noite,
toma café com os vaqueiros
nos terreiros desse sertão

Que gosta de cachaça e viola,
que encanta o povo da colônia
dos canaviais

Me disseram que tem temperamento doce
que tem gosto de caldo-de-cana
Que quando se sente ofendido
Fica ardido que nem pimenta cambari

Me contaram que ama os bichos dessa terra
Que não teme os homens
Nem os perigos desse sertão,
Que é a nossa vida.

Um dia da minha janela
o vi sozinho
e ele conversou comigo
Me falou sobre o povo lá da serra
Que gostava das novidades da cidade
Mas que amava a vida no sertão...

Me mostrou seu sorriso,
me contou sobre seus amores
e sobre suas dores

Foi divino vê-lo
Brincando consigo,
sendo humano
A vida escorrendo
pela pele do menino-sol.

Depois do Ponto

Que horas são?
Á quanto tempo não sabia de nada?
Que horas a certeza passa?
Como faço para me sentar ao lado da razão?

Perguntas, perguntas e silêncio...
Gritos e silêncio...

Lhes garanto,
Que o vigiar eterno de olhos curiosos
Talvez,
Seja mais confortável que os olhos cegos da alma.

E ainda vejo idiotas, com suas enormes piteiras
Dizendo que sua arte, é a representação do Caos...
Veja seu imbecil,
Estou nu na sua frente,
Seja capaz de me representar em suas telas caóticas.

Desculpe-me,
mas as vezes o que o mar trás,
deixa-me abalado.

E o que fazer com a tormenta,
Será que alguém gosta desses agravos da natureza?
Não entendo...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Novo Mundo

Acredito
Não me venhas dizer que não existe
Porque eu sei do que estou falando.

Só não sei o que fazer com
tudo aquilo que acreditava antes,
quando duvidava ainda que poderia existir.

O mundo é algo novo pra mim agora.
Mas creio que você estará comigo
Quando as novidades chegarem.

Vai ser tão lindo, acredito
Quando nos ajudarmos a entender
os significados das palavras,
das cartas que alguem nos mandar.

Vai ser tão fabuloso,
experimentarmos juntos,
os frutos deste mercado novo.
Darmos nomes as flores,
á lugares por onde passarmos.

Espero ter você junto,
quando encontrar animais engraçados,
quando houver algo de estranho no céu.

Medo

Sinto medo,
não o medo ancestral de homem.
Sinto medo,
de não querer ser feliz.
Medo de deixar de ser o crucificado,
para ser o menino.

Me faz paupável,
todos os sentimentos do céu.
Me faz presente,
toda a saudade do eterno.
Que antes a lembrança me doía,
Agora, me pertence.

Não acredite que estou certo
sobre se me pertence.
Mas por um instante
eu a tenho.

O sonho está morto.
Mas confesso que estou feliz
Pela sua partida.
Mas tenho medo de sentir saudade
de quando era apenas um sonhador.

Não fujas, motivo de tanta paz
de tanta beleza e rara alegria
Mas não se esqueça que sou criança
E não sei bem sobre as coisas do céu
Não sou anjo.
Também não sou homem,
sou criança.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

por onde for

Por onde for
Levo apenas meu coração
Levo os causos que ouvi por aí
Levo canções que me faz feliz
Levo orações que me proteja dos perigos

Por onde for
Haverá estradas de terra ou piche
Haverá flores e pedras
Haverá amores e viola
Haverá brigas e amigos

Por onde for
Terá sempre um alpendre pra me esconder da chuva
Um copo de água pra limpar a garganta
Terá sempre uma mesa de bar
Uma cachaça pra me esquentar na madrugada

terça-feira, 9 de outubro de 2007

ASPIRAÇÃO


Gosto tanto do fogo,
do teu corpo e do meu cigarro
Gosto de gostar das vontades
da insana volúpia da carne

Gosto da luta, da procura, da nossa maldade

Obrigado por tudo amor
Obrigado pelo raro prazer

Nem sempre é possível beijar na partida
Quem sabe isso um dia seja
natural

Quem sabe eu te mande rosas azuis
em dezembro

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

CALÇA DE PIJAMA

No quarto,
um lindo relógio.
Lindo para enfatizar a beleza do tempo. Para disfarçar sua ação sobre os mortais.
Muitas fotos na parede em frente a cama. Fotos do cotidiano daquela família. Tanta alegria emoldurada em prata, estilo elizabetano.
Um papel de parede palha, com motivos florais.Folhas verdes e flores azuis, quase violetas.
No lado direito da cama, uma janela, quadriculada, de vidros foscos, esmaltada em branco. Um que de higiene.
A cama... de solteiro. Apenas um travesseiro, alguams almofadas quadradas, com o mesmo motivo do papel de parede e um criado mudo. Uma Bíbliae um terço.
Sobre a cabeceira da cama uma cruz, de ferro, trabalhada num tom envelhecido.
No chão sobre um tapete macio, a calça de um pijama, jogada ao acaso. Aguardando alguém para recolhe-la e verificar se será reutilizada ou não. Isto depende do que sonhou noite passada.
Se não descrevo a porta pe porque não há nenhuma.
Sobre a cama há um gato. Um gato muito bem cuidado, lavado, alimentado.Predestinado a ser de estimação. Desses gatos que conhecem pet-shops, que conhecem apenas o dono, a instituição dos animais domesticados.
Olhando de cima parece um ponto cinzana cama. Uma mancha, estático, imóvel. Um gato empalhado.
Um gato empalhado, tem olhos de vidro, negros os dele, para não transparecera cor da palha que o preenche.
Um gato vazio. Cheio de palha.
Vejá! Ela decorou o quarto no mesmo tom da palha do gato. Detalhes querido, detalhes...
E mesmo com a janela cerrada, há uma corrente de ar.
Se observar bem, vera que esta corrente inside diretamente no gato, sobre a cama. Mexe seu sedoso pelo escovado.
Ele se espreguiça, alonga-se, banha-se como todo felino que se preza. Seduz qualquer ser que o note.
É o que os felinos sabem fazer de melhor, seduzir.
Mas o gato não mia. Não há som no quarto a não ser o do relógio.
Para miar é preciso pulmões. Ele não tem... Mas teve. E se eu enche-lo de ar?
Vou pegar o gato, abraça-lo... e então a palha se contrairá e quando soltá-lo o ar será sugado pelas narinas. Ele terá ar dentro dele. E poderá falar. Não sei se propriamente dizendo irá miar, mas soltará um som.
O som de palha. Palavras empalhadas! É issop que ouço, palavras empalhadas, mortas. Por que matam assim? Por que empalham ? Por que estimam tanto e se adonam da vida?
E se o ar estiver úmido? Logo, logo criará fungos e bactérias, dentro do gato. Deve ser por isso que sempre lembram-no de lavar guarda-chuva em dia nublado.Fungos e bactérias na palha. O gato voltará a ter vida. Fungos e bactérias apodreceram a palha e haverá mais espaço dentro do gato, espaço parta haver mais ar.
Quanto mais ar tiver, mais poderá miar, quem sabe ate rugir. Aí deixará de ser gato, será um outro felino. O rugido amedronta as pessoas. Talvez espante sua dona.
se ele deixar de ser um gato, e virar um outro felino, um felino grande, não vai mais viver no quarto. Porque pela lei é normal que felinos maiores não vivam em quartos, muito menos em cima de camas.
E o gato agora pra mim ja é felino, porque sabe ouvir pensamentos. Ouviu tudo. E pulou a janela, levando consigo, na boca a calça de pijama.
Creio que houve sonhos, na noite passada.

SEMPRE ASSIM

Queria fazer um filme sobre você
Queria viver seu cotidiano
Captar sua luz, seu existir e o seu prazer
Você hoje é tudo pra mim... paixão

Adiantar o passo só pra te encontrar
Minto que é o destino que nos faz cruzar
Porque só de de te ver, fico feliz
Porque só penso em eu com você
Em te ter... gostosa obcessão

Vivo entorpecido, sonhando com você
Penso que as flores foram feitas para ti
Para mim o melhor vento é o que trás o seu cheiro

E lembrar do teu sorriso
Do seu jeito é um vislumbre
Eu quero estar, me embriagar de você
Hoje é você, só me basta você.

ENTRE FIOS

Minha doce amada
Eu vou confessar
Que o etreno amor não haverá

Que ele vai embora
Quando o sol chegar
E tudo o que eu sinto
Não vou mais
Encontrar em você

Só a lembrança de um prazer
De ter conhecido você.

PIT

Por que vive a gritar na sala
Prá eu te escutar, te notar
Toda afetada
Falsa vanguarda

Quando você for mesmo você
Você saber
O que é ser
Pára de ensaiar o que viu na TV
Para viver o era uma vez

Os contos de fadas
São uma ameaça
E essa invenção
Esse espelho de não se ver

Esse carnaval com temas tão originais
A paz mundial
O amor universal
Todo mundo é legal,
Perante a lente,
Importantes presentes, gente

Você é uma alegoria
Que quer ser destaque no jornal

E esse espelho de não se ver
De refletir o que... Se
De se fingir ser.

HERÓI

Roubei os ponteiros do Big Bang
Lancei-os contra o peito do deus Tempo
Não há mais ontem nem amanhã

A minha voz paraboleou as paralelas
Não há mais margens
As curvas são sempre mais belas.

Os deuses quando gozam criam galáxias
Que iluminadas são, pela potência do prazer
Força pagã que não conhece nossas máximas

Danço, giro no vazio
Lanço-me no infinito
Só assim sei ter prazer
Sei viver, sei ser... deus

Quebrei todos os espelhos
Joguei seus cacos no espaço
Para meu céu negro ficar estrelado

Rasguei o céu
cairam todos os santos, todos os anjos
No chão em pedaços todas as promessas
Tanta dor
Choveu dor
Uma verdadeira esperança nascerá

A minha voz paraboleou as paralelas
Não há mais margens
As curvas são mais belas.

Danço, giro no vazio
Lanço-me no infinito
Só assim sei ter prazer
Sei viver, sei ser... deus

RARO PRAZER

Ah menino
com olhos verde-mar
infinito olhar
as gaivotas a plainar...

Ah valente menino
de tanto saber
as gaivotas a buscar

Sonhos livres,
suspensos no ar,
sobre o mar

E é só sol, menino
Busca no mar o destino
Filho do ar, menino

Eterna luz seu viver
Que seja alvo o querer

que o céu esteja sempre cheio de gaivotas.

REALIDADE

A REALIDADE ESTÁ NOS PORÕES,
ESTÁ NOS LIXOS
DENTRO DE ESQUIFES
ESTÁ EM CINZAS DE CIGARROS...

ESTÁ NA NOITE ESCURA,
NOS INTERVALOS DAS ORAÇÕES
ESTÁ NO ESTÔMAGO DE QUEM GRITA PALAVRÕES

REALIDADE É UMA MALDIÇÃO
QUE NAO DORME,
QUE É ORFÃ,
SER FEIO QUE NÃO MERECE PERDÃO

REALIDADE NÃO É INGERIDA, DEGUSTADA, SERVIDA...
É BASTARDA,
É VENENOSA, ARDIDA E FATAL.

sábado, 29 de setembro de 2007

Exposição

O que faz sentido realmente? Há lógica em nosso mundo? Realmente nosso mundo existe ou é algo inventado pelos homens?
Tive a certeza do caos que nossa existência vive ancorada, depois de conhecer as obras de Lacroem.
Foi durante o inverno passado, como jornalista para uma revista do Rio. Fiz uma matéria sobre a primeira exposição deste artista de Porto Alegre, num galpão de uma fazenda, que era o ateliê e residência do mesmo.
Chovia torrencialmente, um novo dilúvio. Um vento tão forte e frio, que parecia criar ondas em pleno ar. Varria os campos, quebravam nos muros, nas copas das árvores, carregando suas folhas por todo o espaço. Naquela noite, vim a entender depois, que até a natureza coabitava com sua obra.
Pelo salão havia grandes telas, que davam um ar de sonhos, realmente uma grande exposição da alma humana, do que tem de mais bonita. Os sonhos de Deus, contrastando com a insignificância da moral dos homens.
Lacroem mostrou-se um grande anfitrião, me pediu desculpas, porém se eu quisesse a entrevista naquela noite, teria que esperar acabar a exposição. Como eu tinha, que enviar a matéria, na manhã seguinte suportei a vernissage, os garçons, a música ambiente, os intelectuais e críticos da cidade.
Já era umas duas da manhã, quando percebi a ausência de Lacroem, fui me informar e seu secretário disse que ele passara mal, estava indisposto e tinha se recolhido.
Fiquei puto, estava decretada a minha demissão da revista.
Este fato me deixou mais colérico em relação aos artistas, aos críticos e aos intelectuais e todo o resto. Todos eram culpados da minha desgraça.
E por mim, e não por eles resolvi conseguir aquela entrevista. Lacroem só não a daria se estivesse morto. Como todos estavam preocupados, em definir a obra, da forma mais brilhantemente acadêmica possível, foi fácil sair do salão sem ser notado e procurar o quarto onde estava descansando a causa maior da minha demissão. Foi fácil encontrar o quarto, porque era o único lugar no corredor depois da escada que tinha porta...
Bati na porta por mais de três vezes, e sem resposta e vendo que estava encostada, entrei como um ladrão. Um ladrão tolo que só vai roubar se a vítima concordar. Ou seja, uma atitude imbecil.
Quando entrei, fiquei absorto com aquele lugar. Parecia que havia sido tele-portado para um outro mundo. Nunca imaginara encontrar algo assim em um galpão de fazenda. De repente todos meus sentidos afloraram de uma vez apenas. Era na verdade uma sala grande, com uma cama no centro, rodeada de paredes de vidro e protegida por jardins, iluminados indiretamente por luzes amareladas, com grandes folhagens em vários tons de verde. A chuva escorria pelas vidraças fazendo as imagens se distorcerem. Parecia estar em um grande aquário. O chão todo coberto por tapetes, persas, acredito. Centenas de almofadas de seda com pedrarias coloridas e reluzentes, algumas mesas, criados-mudos, todos de épocas e estilos diferentes. Vários vasos, objetos de decoração como narguilés egípcios. Na verdade, parecia um grande antiquário. A cama no centro do quarto, era rodeada por mesas cheias de velas de várias cores e tamanhos, acesas, refletindo uma luz alaranjada numa cortina fina que a envolvia. E o cheiro... Um cheiro adocicado dominava todo o ambiente. Uma essência de frutas vermelhas, talvez morangos, não consegui reconhecer, mas era algo inebriante.
Mas onde estaria Lacroem? Na cama, com certeza. Quando foquei meu olhar, no centro do quarto, notei a silhueta de um corpo sobre a cama. Aproximei-me lentamente, tentando me certificar se ele notara minha presença. Pousei lentamente minha mão na cortina e abri uma fresta para ver o corpo sobre a cama.
Estará dormindo, inconsciente ou morto?...
Era a aparição de um anjo. E eu me tornara um monge. Estava inebriado com a sua imagem.
Indefeso, inerte, um semblante de profundo êxtase, não sei se ao acaso ou propositalmente, seu corpo nu sobre a cama. Nunca havia sentido tanto prazer, ao observar uma imagem como naquele momento. É a mais bela imagem que meus olhos viram até hoje. Uma situação inocente e sensual. Entendi que a pureza é a maior expressão da sensualidade. Que a inocência nos faz lembrar a malícia. Um corpo nu, protegido por um frágil casulo de seda, refletindo a luz alaranjada das chamas das velas. Sua pele branca, suas mãos sobre o lençol, a luz oscilante sobre suas costas, reestruturando suas formas, seus olhos levemente fechado, seu delicado nariz, seus lábios rosados, sua mão, seus cabelos negros, molhados, colados ao acaso em seu rosto, o suor que refletia as luzes das velas como verniz. Um corpo que exala prazer pelos poros, que apresenta o eterno ao Existir.
O azulado da barba... Pêlos que insistem em crescer à noite para não findar o narciso ritual de barbear-se pela manhã. O eterno desejo da juventude, da beleza. Será que por isso pintaram Deus tão barbudo?
Lacroem, um homem que implora para ser admirado com um deus! Um deus que supera a beleza da arquitetura e decoração de seu próprio templo. E eu, um homem que implora para que seja eterno seu desejo. Não resisto aos seus apelos, aproximo-me lentamente, toco seu rosto, acaricio sua boca, sussurro seu nome.
Ele abre os olhos, sorrindo e se espreguiça como um felino. Vira-separa o lado, alça um lençol, tentando cobrir sua nudez. Pega a sua carteira de cigarros. Pede para que eu acenda. Agradece com um sorriso e traga, soltando sensualmente a fumaça. Me abraça e me agradece por esperá-lo.
Esta entrevista com certeza é a mais importante de minha vida, porque falarei da arte de viver, que na verdade está longe da realidade cruel do homem. – diz ele.
Então comecemos- digo formalmente.
De todas as obras que estão lá em baixo, a que mais representa o ser humano é Tuffy.
Esta pintura representa o equilíbrio entre a ação e a não ação existente em cada um de nós.
Essa figura mítica, homem-felino, forma e alma.
Os felinos, são animais que vêem nas outras espécies, uma forma de alimento. São animais que conquistam suas presas, que as fazem sentir prazer em serem escolhidas, devoradas. E o negro da pantera tem muito a ver com o abismo do desconhecido, no qual estamos todos inseridos. Não há certeza, quando estamos no escuro, estamos ao léu e apenas um ser negro pode passar desapercebido, camuflado, neste estado de abandono. Ele é a surpresa.
O homem enxerga todos os outros como caça.
Tuffy tem cabelos brancos, lisos e longos, acredito que assim são apenas para mostrar nossa vaidade. É lindo ver uma mulher escovando seus longos cabelos. E o branco mostra a antiguidade deste sentimento.
Fiz ele andrógino, para não excluir o masculino. A força ativa que faz valer sua vontade através do medo, contrastada com uma delicadeza feminina, com a doçura e leveza, que nos atrai e nos torna escravos de seus desejos.
As correntes em sua mão ao mesmo tempo significam nossa prisão. A nossa moral, que não nos deixa agir realmente segundo nossos instintos, nossas vontades. Porém também significa a força que lutamos contra essa prisão, e caso conseguirmos romper o elo dessa corrente, com certeza o que nos mantém presos será a arma que usaremos para nos libertarmos. Assim alçaremos vôo. E seremos livres. Isento de gravidade, do peso do julgamento do outro. Porem nunca em paz, por isso Tuffy ser um guerreiro.
Precisamos do outro, da androginia do outro, e isto nos causa amor e ódio.
Quanto ao relâmpago, é ele que nos dá a luz. Nos faz ver o que há de verdade na grande tempestade que é a vida. São lapsos de realidade, de verdade, que nos situa. Mas se formos atingidos pelo raio, pela verdade, morreremos.
O mar de cerveja. Espumantes ondas... O desejo de nos afogarmos, bêbados, sem sentido, morrermos sem culpa, inconseqüentes.
E quais são os desejos de Tuffy?- pergunto a você Lacroem.
Ser amado, ter um senhor leal, alguém que o respeite como animal, que conviva com sua natureza, sem querer domesticá-lo.
Tuffy é um animal solitário. Que busca tudo só. Que caça só, porque os seus não desejam o que Tuffy deseja. É a obra que mais amo. A que cheguei mais perto do que queria dizer, mostrar.
Um dia pediram para eu perdoar. Às vezes me pergunto se um artista pode ser perdoado pela sua criação. Poderia pintar seres mesquinhos, cenas que reforçassem a moral, a infelicidade, a mentira e a dor. Poderia pintar santos. Por que queremos tanto que o próximo seja santo? Por que gostamos tanto de fingir sermos divinos? Por que buscamos tanto uma bondade que não está em nós? Por que queremos agir tanto contra nossa natureza?Essa ditadura que criamos para nós, essa forma de aglutinarmos conceitos em nossa vida, que não tem nada haver com nossas almas. Com certeza se praticasse esse tipo de obra, também pediria perdão. – respodeu- Lacroem.
Tuffy é você, Lacroem?
Não, Tuffy é o ser humano, e nós temos que nos tornarmos humanos para sermos Tuffy. Boa noite, Lian. Fim da entrevista. Obrigado.
Lacroem levantou-se, vestiu um hobby e foi ver a tempestade.
Fui embora pela manhã. Já no Rio, disse a meu chefe que não tinha conseguido a entrevista com Lacroem. Afinal de contas era algo muito íntimo entre nos dois.

Oração de Pirata

Fecho os olhos e
Aspiro os desejos
Abraço as lembranças de teu verbo
Existindo...
Oração do amor

Ventre, é coração,
Sendo Cortez ou não.

E se por graça,
me aparecer...
Só posso fazer
uma velada oração.

Nos seus olhos de céu , que vivo a voar.
Que despenco com o medo
do vento espalhar
a oração que faço...

Estátua de areia,
lavada pelo mar,
Brilhante forma iluminada, pelo luar
Não posso tocar-lhe pelo medo, de mudar
a tua forma de existir,
pra mim.

Medo da brisa levar-lhe,
e espalhar
O que é tão explícito,
Porém tão meu
Pelas encostas, abismos,
por onde passar...

A tua presença...O teu sorriso silencioso...
Queima os tecidos
Da minha razão.
Prisma meus olhos
Exalo alegria...

Nessa nau a deriva,
Pelo infinito querer,
Alucinado pirata que sou,
Vejo...
O sol explodir em milhões de cores
Faz-se noite

David


Tire suas vestes
Prefiro o tom de luar de sua pele.
O calor de seu corpo me remete
Aos fins de tarde no verão.
A sua coreografia de guerra nos lençóis...
A nossa luta descontrolada....
Molha meu corpo com seu suor... força das águas do mar, mar em ressaca.
Seus olhos negros refletem o infinito
Desejo de possuir.
Despudorados, ambos guerreiros,
Despencamos do divino e mergulhamos na carne, e nos vertemos em gozo.
E lutamos para cada vez mais ferirmo-nos, ... e nos beijamos
Aspiro o seu ar e me sinto completo.
A calma do vazio me preenche e sei que isto também é divino.
Encontro-me em você e se agora estou sorrindo é por me amar.
E por estar criança não sinto o pecado, se este realmente há.

O que trouxe o vento

Acreditava que andavas ao meu lado
Que se não me abraçavas,
ninando-me
E protegendo a mim do forte vento do cais

Que não me davas a presença de teu amor,
Deixando-me encostar e ouvir as batidas de teu coração,
Em seu peito

Que não me davas seu fôlego e seu gosto,

Porque tinhas medo do beijo.

Que não me buscava com os olhos apenas
por temer o horizonte de olhos alheios.

Mas não, se tudo isto não acontece
E por causa de sua ausência,
Por causa da sua inexistência .

Você nunca caminhou comigo pela praia
Apenas em sonho,
devaneio acredito hoje
Esta fantasia que esteve sempre comigo.

Mas agora partiu
Quando pôs-se o sol da ilusão
Vermelho, quente
Que toca todos com tal laranja-fértil

Era a ilusão que me acompanhava
Porém fugiu
Quando soube pelo vento
A tua verdade,
Deixando-me como antes,
só.

Foi-se pelo vasto oceano
Diluiu-se entre as ondas
Naufragou.

E se choro,
É para tentar lembrar o gosto deste sonho.

Qual Cuco

Voa menino, perca a razão
Faça seu ninho em outra estrela
A rosa dos ventos não tyem direção
Não tema gente
Faça a versão

Leve sementes
Dê-as na mão
Acredite na terra,
Mate o hierático
Viva o pagão .

Caso encontre olhos,
fusco scorações,
Chore antimônio,
Crie a monção .

Mostre sua íris furta-cor
Dilate as pupilas da gente-dor

Seja um prestidigitador ...
Um ditador...
Do canto,
Da forma existida,
Dessa gente cuco
Que diz ter alma de camaleão.